Sessão Corredor + Extras | TransAmaZônica
O Ateliê397 com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, via ProAC, convida a todos para mais uma exibição do projeto Sessão Corredor + Extras, com a mostra TransAmaZônica.
TransAmaZônica
A sessão TransAmaZônica, com curadoria do artista Adler Murada, apresenta um corpo video-grafico com o trabalho de jovens artistas de/no/pelo norte e nordeste brasileiro, com videos que atravessam as regiões e seus imaginários locais. O programa é composto por produções que tensionam as relações de território e paisagem, corrobando em um território polimorfo de emancipação do gênero e da ficcionalidade. Acompanhando a sessão, o artista propõe uma intervenção na galeria do Ateliê397, com lançamento da publicação que narra o projeto.
+ Extra
Após a sessão, POCKET SHOW com LEONA VINGATIVA e LADY INCENTIVO + plataforma aberta “I’M OPEN” com bases do projeto Solange, Tô Aberta!
Programação Gratuita.
Serviço:
Sessão Corredor + Extras
TransAmaZônica
Dia 20 de agosto, sábado, às 17h.
Após a sessão, performance com Leona Assasina e Lady Incentivo
Local: Ateliê397
Rua Wisard, 397 – Vila Madalena
Mais informações:
Tel: 3034-2132
atelie397.com
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Sobre os participantes:
Adler Murada
Artista e pesquisar, trabalho no campo de práticas multidisciplinares e redes colaborativas, produzindo publicações e instalações. Participou do núcleo curatorial do Kuir Bogotá – Festival Internacional de Arte & Cine Queer. Atualmente faz parte do programa – PIMASP, voltado a formação de artistas e curadores.
Leona Vingativa
Personagem da web-série que leva seu nome, a artista e performer trans, brinca com as instituições virtualecas produzindo contrassensos. Leona fabrica, por meio da paródia performática, um corpo imagético que consiste no entre-lugar de problematização dos espaços-tempos estabelecidos. “A menina jamais igualada”. “Conhecidissima como a noite de Paris”
Lady Incentivo
Artista e poeta, sua pesquisa mais recente enfoca a voz como performatividade de gênero através de música, performance, texto e instalações sonoras. Desde 2012 desenvolve o projeto “Lady Incentivo”, a criação de uma cantora/figura pública que questiona a terceirização da cultura pelas Leis de Incentivo, realizando performances em contextos expositivos, festivais de música e festas.
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Sessão Corredor + Extras.
Criado pelo Ateliê397, o projeto abre espaço para curadorias de vídeo arte, onde a cada sessão apresenta ações que podem desdobra-se em falas, performances e mostra em diálogo com o contexto da mostra.
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TransAmaZônica
Na primeira cena, avistamos América, perplexa, numa sequência pelo caminho do barco que culmina na vista de altos edifícios da cidade, o desejo, o moderno, o barroco, o desajustado. Crescendo em fé e vertigem, a paisagem se aproxima com monumentos, alegorias, mitos e pegação.
Nos últimos anos, as discussões pertinentes a cartografia tem acolhido contágios e investidas que remodelaram toda a noção de território. Não é mais a cartografia à serviço das modulações racionais e cartesianas, da representação, mas uma consciência compartilhada por vários indivíduos com operações mais ampliadas dentro do campo estético e político.
A internet tem logrado um espaço relevante dentro desse espectro, criando uma nova presentificação; um território de múltiplas falas, e redução das longitudes possibilitada por um gama variada de ferramentas digitais; as tecnologias do possível (as câmeras de celular, a democratização da internet, os hubs urbanos), o performativo, a tradução livre, a apropriação, o remix, pelo Youtube, por canais não oficiais e por uma rede de compartilhamento.
Dentro dessa perspectiva, pensamos o corpo, que organiza gestos, desejos e agencia novas formas de vida, um jogar se a ser outro, com experiências que atravessam territórios, não mais pelo corpo transcrito, mas por muitas intenções. Nesse cenário, a Rodovia Transamazônica, marco do projeto modernista brasileiro, paradoxo da integração nacional, palco de ocupações forçadas, povoamentos e mistura de línguas. Um território povoado por indivíduos que escapam a mediações normatizantes, na reunião e confrontamento entre culturas diferentes e longínquas. Esse encontro enfatiza um jeito de se movimentar torto, revelando agenciamentos mais sensíveis e singulares dentro do campo estético e político, rompendo com o limiar do visível, no curso turvo da história dos que se foram e dos que estão porvir.
Os transamazônicos pensam o vídeo e a internet como lugar de invenção, de agenciamento, comunicação e “movência”. De uma leitura compartilhada que deixou de ser transcrição para se tornar um lugar permanente de revisão do futuro. Penetrações que desenham um espaço de trânsito, com saídas para muitos lados, dando lugar às paisagens insurgentes, desviantes, que borram as fronteiras desse território.
TransAmaZônica navega por essas brechas. Um corpo de vídeo, com produções do/no/pelo norte e nordeste em um emaranhado de estrada e produção poética que se move entre a ficção e a realidade todo o tempo. Paisagens que se confundem e se provocam por deslocamentos, desejos e gritos de um corpo festivo, ferido, que fazem guerra, que gaguejam, que se apropriam, que são melancólicos e seguem por encantamento entre o rio e a cidade, sob conflitos e novos projetos de vida. Identidades fugitivas, que não se deixam capturar, nem classificar, nem viado, travesti ou lesbiana, mas sim seres autônomos com lutas e apostas que rompem com esquemas hegemônicos.
Adler Murada.
TransAmaZônica
In the first scene we see a perplexed America in a sequence along the path of the boat that culminates in a view of the city’s tall buildings, the desire, the modern, the Baroque, the maladjusted. Growing in faith and dizziness, the landscape gets closer with monuments, allegories, myths, and make out.
In recent years, cartography-related discussions have accommodated contagions and initiatives that reshaped the whole notion of territory. Cartography no longer serves rational and Cartesian modulations; rather, it serves an awareness that is shared by various individuals with broader operations within the aesthetic and political field.
The internet has been gaining ground within that spectrum, creating a new type of present; a territory of multiple discourses, and a reduction in longitudes that is enabled by a wide range of digital tools; technologies of the possible (cell phone cameras, greater access to the Internet, urban hubs), the performative, free translation, appropriation, remixes through YouTube, unofficial channels and a sharing network.
From this perspective, we think of the body that organizes gestures and desires and promotes new forms of life, an attempt to be someone else, with experiences that cross the territories no longer through the transcribed body, but rather through many intentions. In this scenario, the Trans-Amazonian Highway, a milestone in the Brazilian modernist design, a paradox of national integration, a stage of forced occupation, settlements, and a mix of languages. A territory populated by individuals who escape standardized mediations, in the gathering and confrontation among different, distant cultures. This gathering emphasizes a way to move askew, revealing more sensitive, unique assemblages within the aesthetic and political field, exceeding the threshold of the visible in the cloudy course of the history of those who left and those who are to come.
The Trans-Amazonians look at the video and the internet as a place of invention, assemblage, communication, and movement. From a shared view that is no longer a transcript to become a permanent place where the future can be reviewed. Penetrations drawing a transit space, with exits to many sides, giving rise to insurgent, deviant landscapes that blur the boundaries of this territory.
TransAmaZônica sails across those gaps. A video body, with productions of / in / through the north and northeast on entangled roads and poetic production ranging from fiction to reality all the time. Landscapes that are confused and provoke one another through displacements, desires and cries of a festive, wounded body, which make war, stutter, appropriate, are melancholic and bewitchingly follow between the river and the city, under conflicts and new projects of life. Fugitive identities which cannot be caught or classified; neither a fagot, transvestite nor a lesbian, but autonomous beings with struggles and bets that break with hegemonic schemes.
Adler Murada.