“Ouça-me, ressoa-se”, por Yudi Rafael

Nos últimos anos, Thiago R tem investigado diferentes modos de trabalhar com o som, quase sempre através da construção de traquitanas que, inspiradas no lema “faça você mesmo”, ora funcionam como maquinário a operar através de vibrações sonoras, para produzir desenhos e pinturas, ora como captadores e amplificadores de sons que são então colocadas a disposição do público, por vezes depuradas de outros ruídos pelo uso de fones de ouvido.

Na presente edição do projeto Corredor397, o artista apresenta o trabalho “Ouça-me, ressoa-se”, no qual o visitante é convidado à experiência de uma escuta amplificada da estrutura arquitetônica do espaço. Microfones de contato, amplificadores e fones de ouvido, conectados entre si e instalados ao longo do corredor, evocam a imagem de grandes estetoscópios, instrumentos amplamente utilizados em clínicas médicas, pelos quais o som do batimento cardíaco, por exemplo, é amplificado e transformado em índice sonoro de operações vitais ao organismo humano, constituindo assim sinal legível ao profissional da saúde.

Desprovido da função clínica do estetoscópio, e da subjacente preocupação na identificação de distúrbios, o trabalho do artista incita uma escuta lúdica, ainda que apurada, revelando ao espectador sons até então quase imperceptíveis. Parte dos microfones de contato são fixados em áreas ao alcance do público, sugerindo a possibilidade de uso do próprio corpo para a produção de estímulos nas superfícies dos canos, paredes e janelas no entorno, fazendo ecoar o convite escrito em letras garrafais na parede do corredor: “OUÇA-ME, RESSOA-SE”.

Serviço:

“Hear-me, resonate yourself”, by Yudi Rafael

In recent years, Thiago R has been investigating different ways of working with sound, almost always by building up apparatuses that, inspired by the motto “do it yourself”, sometimes serve as a machinery operating through sound vibrations, to produce drawings and paintings, and at other times as sound pickups and amplifiers, to make captured sound available to the audience, usually through provided headphones, keeping surrounding noise out.

In this edition of the Corredor397 project, the artist presents the work “Ouça-me, ressoa-se” [Hear me, resonate yourself], in which visitors are invited to hear amplified sounds of the architectural structure of the building. Contact microphones, amplifiers and headphones connected to each other and installed along the hallway evoke the image of large stethoscopes, instruments that are widely used in medical clinics and through which the sound of the heartbeat, for instance, is amplified and transformed into a sound index of vital operations in the human body, thus constituting a readable signal for healthcare professionals.

Lacking the clinical role of a stethoscope and the underlying concern for the identification of disorders, the artist’s work encourages a playful and yet attentive listening, revealing to visitors sounds which have been so far almost imperceptible. Part of the contact microphones are set in areas accessible to the audience, suggesting the possibility of using the body to produce stimuli on the surfaces of the surrounding pipes, walls and windows, echoing an invitation that is written in large letters on the hallway wall: “HEAR ME, RESONATE YOURSELF”.