Obra menor

Obra menor
curadoria Mario Gioia
Albano Afonso, Estela Sokol, Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos, Lucas Arruda, Marcia de Moraes,Naiah Mendonça, Patricia Brandstatter, Paula Coelho, Paulo Almeida, Sérgio Sister

1 de agosto a 1 de setembro de 2009

Obra menor por Mario Gioia
Uma antiga casa de tamanho nada ostensivo que vira ateliê sugere muitas leituras sobre o fazer artístico. Visitar um ateliê é sempre descobrir um universo novo, onde boa parte de peças, coisas e elementos banais que se espalha pelo espaço é própria apenas daquele mundo, será raramente exibido (às vezes nem isso) ou é conhecido pouco a pouco por quem tem o privilegiado acesso a tudo isso.
Ao mesmo tempo, nada é tão revelador sobre a poética de um artista que o amálgama de ideias, objetos e memórias de um ateliê.
Obra Menor é uma exposição coletiva com dez artistas que tenta jogar luzes sobre estilos de nomes diversos, procurando encontrar diálogos e criar leituras sobre o que anteriormente pousava em um rico universo de circulação restrita.
Ao mesmo tempo, a mostra busca destacar trabalhos de pequena escala ou realizados de forma mais intimista e despretensiosa ou feitos em suportes e linguagens que não são os mais célebres na trajetória dos artistas escalados. Tal opção reforça o caráter experimental e de laboratório do Ateliê 397, espaço aberto a propostas das mais variadas e não comerciais de nomes emergentes ou apenas que encontram dificuldade em expor sua produção.
A presença de artistas com uma carreira mais sedimentada só aumenta a possibilidade de virem à tona elos insuspeitos entre a arte feita por novíssimos e aquela já desenvolvida por tais artistas mais consolidados no circuito nacional, mas que nunca renunciam a desfazer o que já foi aprovado, a testar novos procedimentos e métodos e a empreender voos cegos.
Assim, Albano Afonso exibe série de vídeos inéditos, em que som e imagem fazem permutações diversas e resultam em uma videoinstalação de grande apelo sensorial. Sérgio Sister procura novas relações cromáticas e cria objetos de forte referência pictórica. Paulo Almeida usa o universo da pintura e retrata uma das salas do ateliê numa tela especialmente feita para Obra Menor, em um formato que conversa com os espelhos circulares quase onipresentes nas metrópoles, índice da cultura do medo que permeia toda São Paulo, cidade onde vive. Ao mesmo tempo, o tom de metalinguagem de Almeida encontra eco nos desenhos de Marcia de Moraes, com traços habilmente construídos se espalhando no que parece ser um espaço expositivo.
Lucas Arruda ocupa de forma pictórica a cozinha do espaço, enquanto Estela Sokol persiste em sua pesquisa plástica que passa por desenho, gravura e trabalhos tridimensionais. De poéticas intimistas, Naiah Mendonça e Fernanda Figueiredo e Eduardo Mattos apresentam desenhos quase como obras “de câmara”, no mesmo sentido em que, por exemplo, o conto tem ambições bem diferentes em relação às de um romance ou de um épico. Já Patricia Brandstatter e Paula Coelho, jovens e recém-graduadas em escolas tradicionais de artes em SP (Unesp e ECA-USP, respectivamente), colocam à prova as técnicas e os padrões da gravura e da escultura.