Exposições | Vozes Agudas

O grupo de estudos e trabalho “Vozes Agudas” também atua no sentido de praticar o exercício crítico e de curadoria, com a intenção de trazer para o Ateliê397 mulheres artistas contemporâneas.

A primeira exposição aconteceu em 2018 e deu nome ao grupo: Vozes Agudas


Vozes Agudas
A exposição coletiva “Vozes Agudas” é um desdobramento do Grupo de Estudos “Mulheres não precisam estar nuas para entrarem nos museus”, que ocorreu no Ateliê397. Durante o primeiro semestre de 2018, curadoras, pesquisadoras e artistas se reuniram semanalmente para discutir o lugar da mulher no mundo da arte, suas contribuições e os espaços por elas ocupados. Assim, essa mostra é um dos resultados de uma série de reflexões sobre a estrutura do circuito artístico brasileiro que desestimula constantemente o desenvolvimento e a circulação da produção das mulheres. A abertura aconteceu dia 1º de setembro de 2018.


Vozes Agudas: nosso corpo, nossa voz

2019

O grupo de estudos e trabalho Vozes Agudas, formado por mulheres atuantes na cena artística paulista, tem como mote estudar e intervir no sistema das artes, via uma perspectiva feminista de crítica da cultura. Dentre as nossas proposições de análise e participação no “jogo” de (in)visibilidade do meio artístico, preocupa-nos as dificuldades de inserção e consagração de trajetórias de mulheres artistas, curadoras, educadoras, produtoras e tantas outras profissões do meio, e suas negociações sociais para manutenção das carreiras.

Como uma das frentes de apoio e de enfrentamento face às dificuldades encontradas pelas mulheres (em sentido expandido) para se consolidarem profissionalmente, nos deparamos constantemente com as estratégias de silenciamento e apagamento histórico – e pensando nesse paradoxo de ausência/presença das mulheres no meio das artes, decidimos efetuar e propiciar plataformas de fala e escuta sobre as experiências profissionais e pessoais, a fim de que haja a possibilidade de troca, de referenciamento e de propagação da memória.

Ao longo de um ano, com esforço e teimosia, realizamos palestras e falas públicas com convidadas de diferentes setores e contingências do sistema das artes, estudamos aspectos pertinentes aos problemas feministas no meio artístico e, como consequência, efetuamos gravações e demais registros sobre essas falas, conversas e encontros. O resultado disso, ainda em processo de consolidação, é o podcast Vozes Agudas, em que conversamos com essas figuras femininas, feministas ou não, sobre suas escolhas e conflitos da profissão.

A fim de marcar o investimento de meses nessas ações, apresentamos aqui uma pequena exposição de três das artistas entrevistadas nesse percurso, que ora tocam questões feministas e de política da identidade, ora oferecem possibilidades de desvio em verdades solidificadas sobre o eu-mulher.

Fabiana Faleiros, Virginia de Medeiros e Ana Teixeira, artistas pertencentes a diferentes gerações, regiões do país, com trajetórias profissionais diversas e metodologias de trabalho também particulares, formam então um conjunto heterogêneo de extratos sociais, mas coerente no mote de questionamento de afetos e desejos, de subjetivação feminina em diferentes direções e objetivos, e de resoluções formais para os discursos poéticos. De um feminino socialmente consolidado – mas atravessado de estranhamentos – até o feminino performado – almejado ou debochado frente às convenções sociais – o que alinhava essas produções, inclusive em suas discordâncias, é a inquietude quanto às demarcações da feminilidade e nosso exercício de esgarçamento desses códigos de gênero.

Fabiana Faleiros desenvolve projetos de performance, artes visuais e escrita, no Brasil e no exterior. É doutora em artes e defendeu a tese “Lady Incentivo – SEX 2018: um disco sobre tese, amor e dinheiro”. Nesse trabalho, a artista pesquisou sobre a construção histórica da feminilidade branca por meio de uma perspectiva feminista decolonial.

Virginia de Medeiros é conhecida por seu trabalho híbrido entre documentário e proposta de fabulação da vida, trabalhando com vídeo-instalação e audiovisual. Virginia é motivada, principalmente, pelas possibilidades de encontro, os afetos gerados por esses contatos e pela capacidade de conexão com os outros, materializada de modo fracionado pelas imagens e textos que produz.

O trabalho de Ana Teixeira transita por diferentes meios, com interesse pelo desenho e pela arte participativa, tendo a literatura e o cinema como suas principais referências. Se interessa por uma arte que propicie encontros, que se misture com a vida cotidiana e resulte em possíveis repercussões nos participantes.

Sigamos com mais corpos e mais escutas…