Sabatina com os artistas Carlos Monroy e Sergio Pinzón

As exposições dos artistas colombianos Sergio Pinzón e Carlos Monroy no Ateliê 397 mostram o resultado do trabalho plástico dos dois artistas durante o tempo que viveram em São Paulo pesquisando para seus projetos de mestrado. Cada um a seu modo, os artistas articulam temas que surgiram durante esse período com as linguagens e modos de trabalho que já vinham desenvolvendo.

Sergio Pinzón apresenta trabalhos em diversas técnicas, da pintura à colagem digital, passando pelo xerox e uma impressão P&B que recobre toda extensão do muro do Ateliê 397. Seus trabalhos tratam da experiência da viagem e, sobretudo, da necessidade, que se tornou lugar comum hoje, de registrá-la, eternizá-la e exibi-la. Ao fazer referência a diversos aspectos da cultura globalizada, tais como a mobilidade do capital, o enfraquecimento das fronteiras dos Estados e os fluxos migratórios, a experiência da viagem assume um importante papel na poética de muitos artistas contemporâneos. Na exposição de Sergio, as fotos de viagem, a princípio um conteúdo privado e sem interesse público, aparecem em grandes telas pintadas a óleo. Já imagens de obras de arte que integram acervos de importantes museus sofrem pequenas interferências e são colocadas em porta-retratos digitais, transformando-se em fotos de viagem. Essa inversão demonstra a estratégia do artista que cria certa permeabilidade entre imagens de naturezas muito diversas instigando o público a refletir.

Carlos Monroy apresenta, entre outros trabalhos, uma série de fotografias intitulada “Ponto Cego”. Trata-se do registro de uma ação realizada no novo Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), em que o artista faz um strip-tease na Sala de Apoio Pedagógico da instituição. A performance pode ser compreendida como uma reação de Carlos ao fato do museu universitário reservar aos artistas que, como ele,  terminam seu mestrado na USP, essa sala de exibição que não é propriamente destinada a exposições de arte, mas antes é qualificado como um espaço didático ou pedagógico. Assim, aquele que expõe ali é, para o museu, não um artista, mas um aluno ou estudante. Monroy desistiu de fazer sua exposição no MAC, mas utilizou-se de um ponto cego na instituição (literalmente: um canto que não era acessado pelas câmeras de vigilância) e fez uma performance não autorizada no local. Entram em questão temas como a relação entre museu, universidade e produção artística, entre vigilância e experimentação na arte contemporânea, além da legitimação de determinada produção como propriamente artística: quem tem o poder de definir quem é artista? Temas caros à critica institucional em geral, mas que nesse caso, dirigem-se ao circuito artístico paulistano, especificamente.

“Experiência de Viagem Fragmentada” de Sergio Pinzón (texto Diego Castro e Luciana Miyuki)
e ” Scotoma” de Carlos Monroy (curadoria Julia Lima)

Abertura
22 de maio às 20H

Visitação
23 de maio a 20 de junho
terça a sexta das 14 às 19H

Encerramento
20 de junho, sexta – feira, às 20H.

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