Propriedade de uso comum | Fábio Tremonte

 

“Propriedade de uso comum”, por Yudi Rafael

A presente edição do Corredor397 recebe a instalação Propriedade de uso comum, de Fábio Tremonte, na qual um conjunto de esteiras de palha é colocado à disposição do público, para uso livre, durante sua estada no local. Penduradas em ganchos e dispostas ao longo do muro, as esteiras funcionam como um convite a ocupação do corredor. Acima delas, a frase que intitula o trabalho paira sobre o ambiente, com letras pretas em fonte de estêncil. O trabalho é integrado também por uma série de encontros abertos, nos quais convidados realizam falas em torno de pautas reunidas pelo artista, como a tarifa zero, espaços públicos e a crise hídrica em São Paulo.

Ao sugerir uma relação de analogia entre a dimensão do uso comum em um espaço privado, ainda que aberto, e no espaço público, com questões que dizem respeito à cidade e seus ocupantes como um todo, Propriedade de uso comum torna visível e atualiza certas qualidades do local onde se instala, enfatizando sua dimensão política. Tais qualidades dizem respeito a uma manifesta singularidade do corredor do Ateliê397, constatada pelo artista e tomada como ponto de partida para a elaboração deste projeto.

Se imaginássemos um estatuto para o corredor genérico e funcional, ele não incluiria as atividades e eventos diversos que acontecem aqui, e que, não raro, convertem este em um lugar para se comer, conversar, beber e dançar, o que caracteriza sua singularidade. Local de passagem vivenciado como local de permanência e de afeição, enfim, como espaço de convivência.

Talvez seja possível que um espaço como este, que é via de acesso à todos os outros, no microcosmos onde se inscreve, possa funcionar como modelo para se pensar e entender espaços análogos, espaços de uso comum, em um âmbito distinto como o do espaço público. Afinal, as constatadas qualidades deste corredor “singular”, decorrem, sobretudo, do modo como ele vem sendo sucessivamente ocupado.

 

 

Serviço:

Propriedade de uso comum, de Fábio Tremonte
Abertura dia 30 de março, segunda-feira, a partir das 19h.
Visitação: 31 de março a 24 de abril de 2015
Encontros abertos: 10 de março, às 17h; 15 e 23 de março, às 19h
Segunda a sexta-feira, das 14 às 19H
Programação gratuita.

 

Programação dos encontros:

Sexta-feira | 10 de abril | 17h

Tarifa zero

Oliver Cauã Cauê

Lucio Gregori

Passe Livre

*música incidental: valderramas_project + Bruno Mendonça

 

Quarta-feira | 15 de abril | 19h

Crise hídrica

Camila Pavanelli de Lorenzi

Fafi Prado

*música incidental: valderramas_project + Germano Dushá

 

Quinta-feira | 23 de abril | 19h

Espaços públicos

Laura Sobral

Amilcar Packer

Tanq_ Roza Choq_

*música incidental: valderramas_project + Haroldo Sabóia


 


 

“Common property”, by Yudi Rafael

This edition of Corredor397 features the installation “Propriedade de uso comum” [Common property] by Fábio Tremonte, in which a set of straw mats are made available to the public for free use during their stay at the place. Hanging from hooks and arranged along the wall, the mats are an invitation to occupy the corridor. Overhead, the work’s title drifts across the space in black stencil letters. The work also includes a series of open meetings, at which guests discuss the agendas set by the artist, such as free public transport, public spaces, and water shortage in São Paulo.

By suggesting an analogy between the dimension of common use in a private, yet open space and the public space, addressing issues concerning the city and its residents as a whole, Propriedade de uso comum refreshes and makes certain attributes of the place where it is installed visible, emphasizing their political scope. Those attributes relate to an evident uniqueness of Ateliê397’s corridor, which has been verified by the artist and taken as a starting point for preparing the project.This edition of Corredor397 features the installation Propriedade de uso comum [Common property] by Fábio Tremonte, in which a set of straw mats are made available to the public for free use during their stay at the place. Hanging from hooks and arranged along the wall, the mats are an invitation to occupy the corridor. Overhead, the work’s title drifts across the space in black stencil letters. The work also includes a series of open meetings, at which guests discuss the agendas set by the artist, such as free public transport, public spaces, and water shortage in São Paulo.

If we devised a charter for the generic and functional corridor it would certainly not include the various activities and events that take place here, and which often turn this into a place to eat, talk, drink and dance, which makes this place unique. A passage that is experienced as a place to hang out and enjoy, a social space.

Perhaps a space like this – which leads to all other spaces in the microcosm in which it is located – may provide a model for thinking about and understanding similar spaces and common spaces in a different environment like the public space. After all, the attributes of this “unique” corridor arise mainly from the way it has been successively occupied.