Programa do Ateliê397 voltado para o cinema, o Cineclube397, que conta, em 2016, com o apoio da Secretaria do Estado da Cultura, via ProaC, inicia suas atividades em abril. O projeto Cineclube397 nasce da vontade de ampliar a experiência do cinema. Nos últimos tempos, o contato com filmes tem se dado de forma cada vez mais individual: na frente da TV, do computador ou do iPad. Nas salas de cinema convencionais, o espectador se vê inserido num ritual quase religioso no qual é obrigado a ficar sentado, em silêncio, em estado de atenção absoluta do começo ao fim do filme.
Se voltarmos no tempo, percebemos que o cinema nos anos 20 era entendido como parte da rotina dos bares, servia como motivo para reunir as pessoas e demandavam outro tipo de fruição. Os cafés parisienses exibiam os filmes dos irmãos Lumière enquanto o público comia, bebia, conversava, entrando e saindo do filme com uma liberdade. O cinema criava uma atmosfera e um clima que foi perdida nas projeções de hoje, mas que o Cineclube397 pretende resgatar.
Foi a partir dessa premissa que a crítica de cinema e curadora audiovisual Sofía Machain Soria pensou a programação para Cineclube397 de 2016. O programa prevê uma retrospectiva do diretor norte americano James Benning, outra mostra dedicada à figura do adolescente selvagem contemporâneo (Teen Angst), além de uma sessão de filmes voltados para o público infantil. O primeiro semestre de 2016 contará com um ciclo de quatro filmes de James Benning, que serão apresentados gratuitamente nos dias 27 de abril, 11 e 25 de maio e 15 de junho, sempre às 19h.
James Benning é um cineasta profundamente norte americano. Seus filmes são construídos tendo por base a relação entre paisagem e o tempo – este último servindo como agente modelador da experiência do cinema. O uso da câmera estática, que demanda uma observação paciente e atenta dos rigorosos planos apresentados, enfatiza a relação entre uma imagem carente de histórias extraordinárias e o próprio sujeito que as observa (o espectador). Sob influência de Henry David Thoreau e Walt Whitman, a obra de Benning tem como condição prévia o olhar e a escuta. Em seus filmes, percebemos que uma imagem nunca volta a ser a mesma, embora não tenha mudado. Por produzir à margem do mercado e pelo fato de sua obra, até muito recentemente, não estar disponível em DVD, sua produção não logrou atingir a visibilidade que mereceria no contexto atual.
Programação
27/04 às 19h – STEMPLE PASS (2013)
11/05 às 19h – RUHR (2009)
25/05 às 19h – EASY RIDER (2012)
15/06 às 19h – NATURAL HISTORY (2014)
Sinopse
STEMPLE PASS (2013) – Legenda em espanhol
Quatro planos fixos de meia hora cada um, de uma cabana cercada por um grande bosque.
RUHR (2009)
O primeiro filme de James Benning em formato digital de alta resolução. A viagem para a área industrializada do vale de Ruhr, na Alemanha, em sete planos.
EASY RIDER (2012)
Benning trabalha sobre o filme Easy Rider (Dennis Hopper, 1969) visitando espaços onde foram filmandos e fazendo-os dialogar, não sempre, com diálogos extraídos do filme original.
NATURAL HISTORY (2014)
Filmada no Museu de História Natural de Viena, uma sucessão de planos longos com escritórios, depósitos , corredores e seres em exposição retrata o museu como um espécime encapsulado que sobrevive a sua própria era.
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Serviço:
Sessão James Benning – STEMPLE PASS (2013)
27 de abril às 19h.
Local: Ateliê397
Rua Wisard, 397 – Vila Madalena
Mais informações
Tel: 3034-2132
https://atelie397.com/
Entrada gratuita e pipoca de graça