Catálogo Espaços Independentes – A Alma é o Segredo do Negócio

A publicação realizada pelo Ateliê 397 para a mostra Espaços Independentes – a alma é o segredo do negócio na Funarte de São Paulo, entre 6 de dezembro de 2012 e 29 de janeiro de 2013, pode ser vista como um catálogo de exposição e como um jornal. Um material que registra, passo a passo, a exposição, mas que também busca trazer outras vozes para o debate.

A linha tracejada distingue o catálogo no formato previsto no edital da Funarte (21cm x 21 cm) do restante do conteúdo.  Ao recortar o jornal nas linhas indicadas, obtém-se o catálogo institucional às custas de deixar de lado o conteúdo mais reflexivo – e talvez polêmico – dos textos. Aqui, a forma e o conteúdo procuram operar como dispositivos para pensarmos questões que, a todo momento, se colocam na prática dos espaços independentes, como a adequação às formas tradicionais e a experimentação, a reprodução de modelos existentes e a inovação, a luta por reconhecimento e a dificuldade em se definir.

Dentro da área delimitada pelo picote, há um registro da exposição, em suas diferentes fases (do início silencioso e organizado ao final estrondoso e caótico), bem como uma breve apresentação dos espaços independentes que fizeram parte dela.

O lado de fora é composto por textos que procuram expandir o debate. A matéria principal trata do tema da transgressão na arte hoje. Assinada por Marília Loureiro e Jaime Lauriano, ela conta com depoimentos dos artistas André Komatsu, Marcelo Cidade e Jac Leirner, e da gestora da Phosphorus, Maria Montero. Há, ainda, uma reflexão sobre o experimental na prática dos independentes, por Thais Rivitti, e um texto sobre a impossibilidade de definição do que é um espaço independente, esse termo que parece recusar-se a ser cercado, por Marília Loureiro.

Alguns trabalhos de arte foram elaborados especificamente para essa publicação. Na página central do jornal, encontra-se uma intervenção feita pela artista Carla Zaccagnini. Um glossário que explica os principais termos artísticos usados nos textos, segundo uma visão institucional, foi elaborado por Jaime Lauriano. A artista Flora Leite, cuja intervenção ocupa a última página da publicação, sugere um retalhamento ainda maior, embora metodicamente organizado, do jornal.

 

Os espaços independentes são personagens relativamente novos no cenário artístico brasileiro. Mas as questões que eles trazem não. É o que nos mostra as fotos da performance realizada pelo coletivo 3NÓS3, em 1979, ao qual prestamos uma modesta homenagem. Como o bilhete deixado nas galerias de São Paulo durante a performance X galeria já afirmava: “O que está dentro fica. O que está fora se expande”.