Arte para todos por Fernanda Calgaro

O som chega até a calçada, chamando a atenção de um ou outro pedestre que passa pela frente da porta de número 397 da rua Wisard, onde o recém-inaugurado espaço para exposições no Ateliê 397 funciona. A música é de Gal Costa e Maria Bethânia, mas no vídeo, pendurado no alto da parede e no final do pequeno corredor da entrada do ateliê, o que se vê são dois marmanjos interpretando as cantoras. A instalação “Sonho Meu” é obra do artista plástico multimídia Hélio Melo, que incorpora Gal, e de mais dois artistas canadenenes, Clark Ferguson, na pele de Maria Bethania, e James Prior, como o produtor das cantoras, James d’Hammer.

Essa vídeo-instalação faz parte da intensiva programação do Ateliê 397 que já tem agenda cheia até praticamente final de 2005. Esse projeto partiu da idéia dos artistas Rafael Campos, Sílvia Jábali e Bruna Costa de abrir um espaço em seus ateliês para divulgar novos talentos e exposições experimentais de artistas já consagrados. A iniciativa, posta em marcha em janeiro de 2004, foi inspirada na concepção da Galeria 10,20, que encerrou suas atividades no final de 2003.

O espaço destinado às mostras é constituído apenas por um corredor fechado de poucos metros que vai da entrada na calçada até um corredor maior e descoberto que leva até os ateliês. É nesse ambiente informal que o artista expositor tem que apresentar seu trabalho.

“Galeria, em geral, dá a sensação de ser um ambiente chique, um tanto opressivo. E aqui é muito despojado, relaxado”, ressalta Rafael Campos. Justamente por ser um espaço diferente, transformar esse corredor passa a ser um outro desafio para o artista, na opinião de Sílvia Jábali.

A vídeo-instalação “Sonho Meu”, que pode ser vista até dia 28 de fevereiro, dá lugar às pinturas e esculturas de Tatiana Blass, com abertura prevista para 6 de março. Entre uma mostra e outra há cerca de uma semana, tempo para pintar e repaginar o espaço para abrigar os trabalhos do artista seguinte. O cronograma de exposições, com duração individual de aproximadamente três semanas, conta com nomes como Wagner Malta Tavares, Rodrigo Andrade, Rubens Mano e Raquel Garbelotti, além de talentos inéditos. A intenção é que esse projeto, que deve acabar no final 2005, estimule algum outro artista a dar continuidade, permitindo que continue aberto esse canal entre público e a produção do vasto e diversificado panorama de arte brasileira.