A Regra e a Exceção
A mostra A Regra e a Exceção, com curadoria de Érica Burini, reúne artistas em torno da discussão sobre leis e governo, a quem eles servem e as distintas formas de participação política, organizações coletivas e comunidades para a fiscalização das políticas e a reivindicação de direitos.
Importantes obras são relembradas a partir do título da mostra, como o curta de Jean-Luc Godard Je Vous Salue, Sarajevo e a peça de Bertold Brecht, quase homônima, A Exceção e a Regra. As obras históricas convergem com a exposição na retomada da discussão sobre a luta de classes e o papel da arte em mudanças sociais.
Reforma ou Revolução? A pergunta centenária de Rosa Luxemburgo retorna com ares contemporâneos nos trabalhos, que oscilam entre as duas respostas enquanto lutam pela participação política de pessoas imigrantes e refugiadas por meio do voto, relembram a história racista do país, reivindicam formas autônomas de construção de casas e o reconhecimento de saberes populares, promovem uma crítica da ocupação das cidades e debatem os limites da liberdade em uma sociedade democrática.
“Na exposição vemos muitas formações diferentes do tradicional binômio arte e política, em configurações que refletem os anseios do presente. Não temos somente uma forma de conceber; vemos uma perspectiva mais observadora e crítica, outra mais diagnóstica e prescritiva, olhares autorreferenciais, propostas de ação direta, noções de micropolítica e também o desejo incendiário de dar fim à atual sociedade capitalista. Não à toa, essa diversidade se reflete nos vários gritos presentes nos trabalhos: No Future; Aqui Vivo, Aqui Voto; Monocultura Urbana; e A Violência nos Une, por exemplo”, comenta a curadora.
A exposição também conta com outra plataforma de exibição e fruição. Trata-se de uma lojinha, na qual os artistas vendem obras e múltiplos a preços acessíveis, ampliando a noção de colecionismo. Ela foi organizada com o pensamento voltado para uma forma de economia que estimule a circulação das obras em um âmbito doméstico e remunere os artistas.
A exposição é associada à pesquisa de doutorado de Telma Hoyler – uma das artistas da mostra – em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (DCP/USP), por meio do projeto de pesquisa “A global comparative ethnography of parliaments, politicians and people (EoPPP)” [“Uma etnografia global comparativa de parlamentos, políticos e povo”, em tradução livre], financiado pelo European Research Council (ERC). A mostra é a primeira de um ciclo realizado com o apoio da SOAS University of London, que compreende duas exposições – a primeira no Brasil, e a segunda, na Inglaterra.
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A Regra e a Exceção é uma das quatro exposições que abrem no dia 15 de abril no Cru – galpão industrial na Barra Funda, em São Paulo, que se tornou palco de diversas atividades artísticas e culturais no último ano. O local, que serve como ateliê de artistas, estúdio de gravação musical, locação para sessões de fotos e filmes, agora também é a nova sede do Ateliê397, espaço independente de arte com 20 anos de atuação. As demais mostras com abertura na mesma data são individuais: Bares Mentais, de Fabrício Corsaletti, curadoria de Diego Matos; Dona de Ana Hortides, curadoria de Ludmilla Fonseca; e Vamos chamar o vento de Carolina Colicchio, curadoria de Cristiana Tejo – as duas últimas da galeria ArteFASAM.
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SERVIÇO
A Regra e a Exceção
Exposição coletiva
Curadoria: Érica Burini
Artistas: Cholitas da Babilônia, Diego Crux, Fábio Tremonte, Kauê Garcia, Marília Scarabello, Tatiana Guimarães, Telma Hoyler, Vilanismo, Yná Kabe Rodríguez
Apoio: SOAS University of London; Global Research Network on Parliaments and People
Abertura: 15 de abril, das 14h às 20h
Performances:
17h – Fábio Tremonte e Tatiana Guimarães
18h – Cholitas da Babilônia
19h – Vilanismo
Visitação:
De15 de abril a 13 de maio
Qui. a dom., das 15h às 19h
Rua Cruzeiro, 802 – Barra Funda, São Paulo
Gratuito